Pensamentos que podem indicar que não estamos bem com as nossas emoções

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Às vezes, estamos tão acostumados com o nosso jeito de pensar e sentir a vida que nem percebemos o quanto essa forma de ver e perceber as coisas pode estar nos fazendo sofrer. Podemos ter pensamentos tendenciosos capazes de piorar o nosso humor e não percebermos. Smith (2022) deu nomes a alguns desses pensamentos, que vamos conhecer agora:

  • Pensamento tudo ou nada: pensar em termos absolutos ou extremos, como “se eu não conseguir 100%, sou um fracasso” ou “se não estiver com a aparência perfeita, não vou sair”. Esse pensamento faz parte da busca pelo perfeccionismo e controle sobre tudo, nos trazendo sofrimento, pois ficamos com dificuldade de sermos mais flexíveis conosco e com a vida.
  • Pensamento “preciso e devo”: “preciso ser mais isso ou aquilo para ser merecedor” ou “devo ser mais alegre e comunicativo para ter amigos”. Quando nos colocamos parâmetros tão altos, acabamos criando um quadro de expectativas sobre nós, muitas vezes inalcançáveis, o que nos faz sentir um fracasso diariamente, pois acabamos nos frustrando por não alcançar essas expectativas.
  • Pensamento individualista: ações, comportamentos, visões e valores importantes para você que sente como se deveriam ser da mesma forma para todas as outras pessoas, por exemplo, você pode ser uma pessoa que não gosta de atrasos e nunca se atrasa. Quando alguém te deixa esperando, pode pensar: “Eu nunca me atrasaria assim, é óbvio que ele não se importa muito comigo.”
  • Pensamento generalista: é quando pegamos um acontecimento isolado e usamos para generalizá-lo com outras coisas, como “fui reprovado na prova, meu futuro está destruído”. A reprovação em uma prova não significa que você é um fracasso, significa apenas que, nessa prova, você não foi bem. Um acontecimento isolado não pode determinar o seu valor, mas nessa forma de pensamento, é isso que ele nos faz sentir.
  • Adivinhar pensamentos: significa supor o que os outros pensam e sentem sobre você e acreditar como se isso fosse a verdade, como “minha amiga passou por mim e não me cumprimentou direito, deve estar com raiva de mim” ou “se meu chefe não me elogiou hoje, deve estar insatisfeito com meu trabalho e pensando em me mandar embora”. Antes de tentar adivinhar o que o outro sente e pensa, vamos precisar conversar com essa pessoa para saber o que aconteceu. Sua amiga pode não ter te percebido naquele dia e seu chefe pode estar apenas em um dia ruim.
  • Pensamento conclusivo: significa pegar um sentimento e considerá-lo como única verdade, como “eu me sinto culpada, portanto, sou uma filha ruim”. Concluir antes do tempo uma situação pela sensação que você tinha naquele momento pode ser apenas uma sensação do seu estado de humor e não a realidade dos fatos.

O que fazer para sair desses pensamentos? 

Para lidar com estes pensamentos vamos precisar conseguir reconhecê-los quando eles acontecem. Perceba, identifique e dê nome a cada um deles, para então poder escolher como reagir a eles. Lembre-se de parar, para refletir antes de acreditar nesses pensamentos e poder considerar outras possibilidades, pois aquilo que sentimos não é prova de que nossos pensamentos sejam a verdade. Tente ver aquele acontecimento por outras perspectivas, ampliar as suas opções de ver aquela situação.

Quando estamos adoecidos psiquicamente, temos uma tendência maior de ter e de acreditar nesses pensamentos tendenciosos. Eles podem ser sinais de depressão. Veja se junto desses pensamentos há, com frequência, sentimentos de desânimo, tristeza, irritabilidade, falta de vontade de fazer as coisas, baixa estima, solidão, vazio existencial, ansiedade, entre outros e busque ajuda profissional para compreendê-los. 

Às vezes, só estamos desorganizados emocionalmente, como um guarda-roupa todo bagunçado e que vamos precisar um tempo da nossa rotina para retirar todas as roupas de dentro do roupeiro, separar por peças, dobrar e guardar cada uma em seu lugar. Na psicoterapia também vamos fazer isso, só que com as suas emoções.

Referência:  SMITH, Julie. Por que ninguém me disse isso antes. Sextante, 2022.

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