Como lidar com o excesso de informações sem adoecer?

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Você já percebeu quanto tempo do seu dia você passa conectado a sites de notícias, redes sociais, jogos e mídias de entretenimento em geral? O acesso às mais diversas ferramentas online é chamado de hiperconectividade. Quando você pensa sobre isso, percebe os prejuízos dessa conexão em sua vida?

Alguns danos começam a existir quando passamos muito tempo nos dispositivos e ambientes digitais, a ponto de deixarmos de fazer o que era importante, procrastinamos, temos dificuldades de sair para socializar e de realizar outras atividades.

Podemos sentir alterações de sono, irritabilidade, cansaço, dificuldade de atenção e memória, tristeza, desânimo, sofrimento em decorrência das comparações, baixa autoestima, entre outros. Uma observação importante, de que esse excesso pode estar se tornando um vício em sua vida, é quando você passa a dormir com o celular na cama e a checá-lo como a primeira atividade ao acordar.

Em uma pesquisa realizada pelo Datafolha em 2022, sobre a Saúde Mental dos Brasileiros em relação ao uso das redes sociais, demonstrou-se que a influência na saúde mental vem sendo apresentada por alguns fatores, entre eles:

  • Sentimento de cobrança para se manter ativo online;
  • Medo de julgamento e ataques por conta do conteúdo postado em seus perfis;
  • Insatisfação com a própria vida pela comparação com as de outras pessoas.
Isso tem ocorrido com você? Tem se sentido assim?

Como não adoecer diante da hiperconectividade?

Para não adoecermos diante de tantas conexões, precisamos ter consciência do que de fato precisamos, do que estamos fazendo e quais são as nossas necessidades ao nos conectarmos.

Uma forma de pensar sobre isso é se perguntar: Do que você precisa de informação para o seu dia e o que é apenas entretenimento ou outras necessidades? O que você encontra no tempo que passa na internet que não tem encontrado na sua vida? É diversão? Entretenimento? Prazer? Fuga? O famoso “matar tempo”? Se este for o caso, de estar conectado para “matar tempo” da sua vida, o que pode ser tão caótico ou desanimador que você precisa fugir da sua realidade?

As diversas mídias sociais, principalmente as redes sociais, produzem ansiedade e necessidades que, na maioria das vezes, não são nossas. Quantas vezes você pensou que precisa guardar dinheiro para viajar e conhecer o mundo, sem se perguntar profundamente se você gosta de viajar?

Ou que precisa trocar de emprego para ganhar mais dinheiro, sem refletir se realmente deseja isso? Se nos entregarmos às opções que nos são apresentadas, arriscamos perder o controle sobre a nossa própria vida, sobre o nosso tempo, sobre nós mesmos. É nesse sentido que chamo a atenção para o quanto precisamos estar conscientes das nossas verdadeiras necessidades. Quando acessamos a rede, o que vamos buscar ali?

É muito fácil se perder.

Vou dar um exemplo que acontece comigo: entro no Instagram para fazer uma publicação, aí vejo uma notícia que me chama a atenção, que me leva a um livro que me interessa e assim por diante, e quando percebo, já se passaram 30 minutos, sabendo que eu só precisava de dez para fazer o que tinha ido fazer ali.

É uma diversidade grande de estímulos que é difícil mesmo fugir, afinal os algoritmos trabalham exatamente para isso: nos manter conectados o maior tempo possível de nossas vidas. As mídias são feitas para nos prender, por isso quem terá de ter o controle sobre si, nessa conexão, somos nós mesmos.

É você que pode ter o controle da sua vida, é você que estabelece as regras, pelo menos neste aspecto. Isso me faz lembrar por que temos tanta dificuldade em nos orientar, em nos guiar por nós mesmos, de nos colocar limites. Se pararmos para analisar, na maior parte das nossas vidas fomos orientados por terceiros: nossos pais, professores, sociedade, sobre o que “devemos” fazer e como agir.

Foram fases necessárias para o nosso desenvolvimento, mas também é importante aprender a ter autonomia emocional, o que é menos comum de acontecer. Então, quando estamos diante de uma escolha como esta, de estabelecer limites a nós mesmos e refletir sobre por que estamos tanto tempo conectados em algo que pode estar nos trazendo prejuízos, podemos encontrar dificuldades em nos guiar.

O que fazer para se desconectar dos excessos?

Faz sentido começar acolhendo a sua dificuldade de desconectar, pois este é um desafio de todos, não é algo simples. Também é importante saber identificar o que você precisa ao acessar qualquer ambiente virtual. Lembre-se qual foi o seu objetivo ao acessar a rede, para não se perder nos estímulos e informações.

Esteja consciente das suas necessidades, estabeleça limites, utilize os recursos dos seus aparelhos para saber quantas horas por dia ou por semana você está conectado e identifique os prejuízos que essa superconexão pode estar trazendo para sua vida. Que outras atividades podem trazer prazer ao seu dia a dia e que ajudam a sair da hiperconectividade? Em qual área da sua vida você tem sentido maiores danos?

Se você perceber que está com uso excessivo de informações, de múltiplas conexões e de tempo gasto nos dispositivos e ambientes digitais, o autoconhecimento por meio da psicoterapia pode ajudar a conhecer melhor a si mesmo, às suas necessidades, a desenvolver a autonomia emocional e a gerenciar suas emoções e sentimentos para possibilitar o empoderamento de si, com respeito aos seus limites pessoais e a identificar estratégias que podem ajudar a diminuir esse uso.

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