E quando a relação acaba?

Tempo de leitura: 7 minutos

E quando não é você quem termina a relação? 

Quando o relacionamento era bom, e acabou?

Pois é! Não são somente as relações ruins que acabam, as boas também! Vamos conversar olhando para este aspecto das relações amorosas.

Você já passou pela experiência de um término de relacionamento que não queria terminar? Que estava com a sensação de que tudo andava bem, exceto por aqueles pontos que o outro sempre dizia que você poderia melhorar?

Tinham sonhos, planos juntos, projeto de futuro e de repente tudo acaba! 

Você leva um baita susto e não sabe o que fazer, pois não se imagina sem aquela pessoa, afinal, para você era uma ótima relação. 

Outro dia uma amiga muito querida passou por uma situação de separação de um relacionamento de cinco anos e conversando sobre isso, sobre esse processo do quanto é difícil e dolorido uma separação, ela me perguntou algo do qual me fez refletir e fiquei pensando que talvez possa ajudar vocês. Ela disse o seguinte, Tânia eu jamais imaginei isso, eu jamais esperei que isso fosse acontecer, foi uma surpresa tamanha que até agora não “caiu a ficha”, eu não entendi, estava tudo bem entre nós, como sempre, me diga como alguém pode terminar do nada assim de um dia para o outro?

Esta é uma situação muito comum, e muito dolorosa para ambos.  Sabe aquele ditado popular que é mais fácil para aquele que termina?! Não é bem assim, na maioria dos casos não é fácil para nenhum dos dois. Mas, se tratando de quem é pego quase que de surpresa por uma decisão de término, muitas dores virão à tona.

O momento que cada um viverá esse sofrimento será diferente.  Para a pessoa que decide terminar é provável que ela já vinha se preparando para isso há algum tempo, teve um processo no qual ela começou a sentir algo diferente, começou a pensar que talvez não quisesse mais, ou que não sentia mais a mesma coisa, pode ter se passado meses, sem que o outro percebesse. 

Então, para esta pessoa, embora também tenha sido uma decisão difícil, que pode ter sido muito dolorida, ela já passou por algumas fases da despedida, por aquela sensação de que agora vou seguir só. Ela já viveu uma boa parte do seu luto pelo término da relação. 

Mas, para quem fica e teve a surpresa, como é?

Pois é, esta pessoa precisará lidar com todo o seu processo de despedida, de luto. Com a desconstrução de sonhos, expectativas, planos, vai ter que se despedir da rotina, do jeito de passar o final de semana, das famílias, de estar acostumado com alguém do lado e de todas as coisas que faziam juntos.

Ter de se despedir de algo ou alguém como um relacionamento amoroso, geralmente é muito difícil. E vai precisar de um tempo mesmo para conseguir assimilar tudo que aconteceu, e talvez nunca compreenda o que aconteceu. 

Bem, é uma característica nossa, como humanos termos uma tendência a nos acostumar mais facilmente com a presença do outro, com rotinas, com hábitos, o que a gente mais quer, muitas vezes, é sentir-se seguro, com garantias de que tudo que está bem. E nesse modo fica difícil, às vezes, darmos conta de perceber os movimentos da vida, do outro, das pequenas mudanças que estão ocorrendo a ponto de não sentirmos essas mudanças acontecendo e acabamos por sermos tomados de surpresa quando uma decisão de término de relacionamento é realizada por alguém da relação. Isso não acontece só nos relacionamentos amorosos, acontece também nas amizades, famílias, empregos. 

Estamos tão mergulhados no jeito que eu acredito ou quero acreditar que as coisas funcionam, nas expectativas que criei, que não dou conta de perceber que já mudou. Que eu mudei e que o outro também mudou. Em meio a tantas coisas que a gente vive é tão fácil se perder não é mesmo? Se perder de si mesmo, de seus objetivos, do outro e da relação. E isso é com quase tudo na vida. Se não nos mantermos alertas, nos perdemos de nós.

Terminou, e o que eu faço agora?

Para dar conta de se despedir, será necessário reconhecer onde você está.

Qual é a sua história? O que você está sentindo? Do que você precisa? Quais são as suas dores? E quais são as suas estratégias para lidar com tudo isso?

Para que a partir disso possa conseguir se despedir. Se despedir de quê?  Das expectativas, dos sonhos e planos juntos, da rotina, do que acreditava ser o relacionamento, se despedir da pessoa que você foi, inclusive na relação, para se reinventar e conseguir seguir a partir de agora sozinho. É quase uma mudança de identidade, afinal quem sou eu sem o outro? 

Viver o luto e todas as suas fases: de negação, raiva, medo, não aceitação, tristeza, ou seja, vai precisar sentir a sua dor para que ela possa ir embora. Muitas vezes, acabamos por nos relacionar muito mais com a imagem, com a expectativa que criamos do relacionamento do que com a relação em si e com o parceiro ou parceira real, e acabamos por não perceber às mudanças no meio do caminho. 

Como no poema de Carlos Drummond de Andrade: “No meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho(…). Nunca me esquecerei desse acontecimento. Na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra(…)”. 

Se você está passando por isso, saiba que não está sozinho(a) e que cada pessoa sentirá do seu jeito, algumas com maior sofrimento outras menos. O tamanho da dor é provável que terá a intensidade do tamanho do amor que sentia, e também dependerá das características pessoais e da forma com a qual era a relação e como foi o seu término.

Lembre-se: somos humanos, e não temos que dar conta de tudo, perceber tudo e nem se culpar por coisas das quais sabemos hoje e que não sabíamos na época em que os fatos aconteceram. 

Lembre-se: das suas aprendizagens. É provável que tenha vivido uma experiência cheia de aprendizagens para a sua vida. As pedras do caminho podem ser reconhecidas e com elas aprendermos a dar passos mais largos e seguros. 

Lembre-se de estar aberto para viver o presente, aqui e agora, com todas as possibilidades que ele possa apresentar. Estar aberto para àquilo que a vida pode oferecer, talvez isso possibilite conseguir perceber com mais clareza esses momentos de movimento, de transformação, em alguns casos muito sutis das relações, e em nós mesmos, para que, em outra experiência, não sejamos pegos de surpresa!

Como seguir em frente?

Permita-se sentir o que está se passando contigo, sentimentos como tristeza, solidão, raiva, a sensação de confusão, entre outros, vai estar presente e será necessário compreendê-los para seguir em frente. 

Trata-se de se reinventar, dar novos e diferentes passos na sua vida e se isso se tornar muito difícil para você, conte com a ajuda de um profissional de psicologia, a psicoterapia poderá ajudar a passar por este período. 

E se você sente que, enquanto casal, estão precisando de ajuda para compreender-se, a psicoterapia de casal poderá ajudá-los. E ela pode acontecer em consultas periódicas, presenciais ou on-line.

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