Fugir dos sentimentos ruins é uma saída?

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Sabe aquele sofrimento que assusta? Aquela vontade de chorar ou de se enfiar em um buraco quando algo dá errado? Quando isso acontece, o que você faz?

Não é fácil ficar com as nossas dores, com as nossas angústias, tristezas e imperfeições sem sermos invadidos por aquela vontade de fugir delas, não é mesmo! 

Uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostrou que reprimir os sentimentos ruins pode ser prejudicial à saúde psicológica. Por isso é importante compreender como esse processo de sentir e reprimir os sentimentos se forma nas nossas experiências e como está relacionado com o nosso funcionamento psicológico. 

Quando uma emoção grande nos “invade” como a insegurança, medo ou tristeza, geralmente eles surgem por conta de uma experiência que estamos vivendo e da percepção que temos de nós mesmos na experiência. Por exemplo, podemos ter criado uma expectativa muito grande sobre alguém ou uma atividade no trabalho, na profissão ou sobre o final de semana, e que, na prática não se realizou, diante disso, surge a frustração e com ela sente-se tristeza, culpa e muitas vezes, sentimentos de menos valia ou insuficiência.

Como se “você” não fosse capaz de…, ou não fosse merecedor de viver momentos bons, quando na realidade foi apenas uma situação esporádica da vida. O que essa experiência pode nos dizer: como lidamos com aquilo que não temos controle? Qual é a nossa insegurança que nos faz querer ter controle sobre tudo?

Ao longo da nossa história de vida não aprendemos a lidar com os nossos sentimentos. Assim como, não aprendemos a sermos compassivos, afetuosos conosco. A nos perdoar quando fazemos algo de errado, a ter paciência quando não conseguimos de imediato o que planejamos, a compreender porque estamos tristes. 

Ao invés disso, temos medo de sofrer.  Medo de saber que, de fato, não somos perfeitos, que erramos, criamos expectativas demasiadas e depois nos frustramos quando não dá certo. Temos medo de ficarmos com os nossos sentimentos, principalmente aqueles considerados como “ruins”. 

O curioso disso, é que será, justamente, a nossa disposição de permanecer no desconforto que vai nos permitir a mudança. Ser compassivo conosco, implica em nos permitir sentir as nossas vulnerabilidades, as nossas dores ao ponto de não mais nos assustamos com elas e a estarmos de coração e mente abertos para viver tudo que há para viver. Tudo que a vida apresentar. 

A prática da autocompaixão “envolve aprender a nos permitir nos movermos, gentilmente, em direção àquilo que nos assusta […] e, aos poucos, aprendermos o jeito de ir além do nosso medo de sentir dor” (Pema Chödrom, 2021).

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