Autoestima e saúde mental

Tempo de leitura: 8 minutos

Autoestima, como está a sua e o que ela diz da sua saúde mental?

  • Você já deixou de fazer coisas pensando no que os outros iriam dizer ou pensar de ti?
  • Já deixou de ir a algum lugar porque sentiu vergonha de você?
  • Já demorou dias para tomar uma decisão, porque pensa demais ou porque acha que não será capaz de tomar a decisão certa? 
  • Se cobra demais em tudo que faz e, mesmo fazendo o seu melhor parece que nunca está bom? Que não é o suficiente?
  • Já esteve em um relacionamento amoroso e sentiu que você nunca era suficiente porque achava que seu parceiro era muito pra você?
  • No seu emprego, sente vergonha de falar, dar opinião, de mostrar o que sabe fazer?

Embora a maioria de nós conheça o termo autoestima como pessoas que têm baixa ou alta autoestima, ela apresenta uma complexidade muito maior e tem grandes implicações para a nossa saúde mental. ⠀

A autoestima é considerada até como o principal indicador de saúde mental, pois um valor depreciativo de si mesmo se associa a graves adoecimentos mentais como depressão, suicídio, sentimentos de inadequação e ansiedade. ⠀

A autoestima está associada a outros construtos da personalidade, está implicada na forma com a qual vamos viver nossa vida cotidiana e manter nossa saúde mental.

O que é autoestima?

Autoestima é a nossa capacidade de consideração por nós mesmos como pessoa, uma avaliação que uma pessoa faz de si mesma positiva ou negativa em algum grau a partir de emoções, ações, crenças, comportamentos ou qualquer outro tipo de conhecimento de si próprio.

Entende-se por autoestima a soma dos valores atribuídos ao que se sente e se pensa, sendo esta soma utilizada para a avaliação do comportamento apresentado.

Expressa uma atitude de aprovação ou desaprovação de si mesmo, até que ponto a pessoa se considera capaz, importante, significativa, bem-sucedida e como alguém de valor. É o resultado de nossa autoavaliação, a partir daquilo que acreditamos que somos. É a qualidade que o indivíduo se dá.

Como você se avalia? Como está a sua estima?

Será que nós gostamos de quem somos?

A formação da autoestima

A autoestima está relacionada com a forma como estabelecemos nossas metas, projetamos expectativas, nos aceitamos e valorizamos o outro. Está associada à confiança, pois a autoestima elevada possibilita uma maior confiança frente às decisões que devem ser tomadas. 

Algumas pesquisas demonstram que a autoestima se relaciona mais com variáveis relacionadas com o bem-estar psicológico, então uma pessoa com baixa autoestima terá uma probabilidade maior de se sentir inferior, menos capaz que o outro, a desenvolver sintomas de depressão, a ansiedade, a irritabilidade, a satisfação pessoal, e outros estados afetivos negativos. 

Nós começamos a desenvolver a autoestima na infância a partir das relações que vamos tendo com as pessoas a nossa volta, família, escola, sociedade. O desenvolvimento da autoestima pela criança está intrinsecamente relacionado ao autoconceito que ela tem dela, e esse autoconceito surge primeiro a partir do outro – dos seus pais -. 

No livro “Labirinto de espelhos: formação da autoestima na infância e na adolescência” de Assis e Avanci (2004) dizem que a autoestima é uma característica humana forjada a partir dos olhares que a criança direciona e recebe dos espelhos que encontra ao percorrer o labirinto de sua vida. 

As representações que construímos acerca de nós mesmos permitem interpretar e dar significado às experiências que vivemos, possibilitando a manutenção de uma imagem coerente de nós próprios.

Envolve a capacidade humana de refletir sobre si próprio, descrevendo, julgando e avaliando a pessoa que é. A autoestima é apontada como um fator decisivo na relação do indivíduo consigo mesmo e com os outros.  Exerce uma marcante influência na percepção dos acontecimentos e das pessoas, influenciando de forma considerável o comportamento e as vivências do indivíduo. 

O jeito que nos relacionamos conosco e com o mundo pode ser influenciado pela autoestima. Por isso ela acaba sendo um fator muito importante na manutenção da vida, pois têm uma influência muito grande no comportamento das pessoas, tornando-os ativos no enfrentamento das adversidades ou passivos, vivenciando o sofrimento, fruto dessas mesmas experiências.

Características mais conhecidas de uma pessoa com alta autoestima:
  • Mantém uma imagem bastante constante e positiva das próprias capacidades;
  • É criativo;
  • Tem facilidade para assumir papéis ativos em grupos;
  • Expressa as próprias visões;
  • Tende a um bom desempenho acadêmico;
  • Preocupa-se pouco com medos e ambivalências; 
  • Orientar-se mais direta e realisticamente às metas pessoas;
  • Demonstra confiança e otimismo nas próprias características e atributos pessoais, nas habilidades sociais e qualidades que possui;
  • É pouco sensível as críticas.
  • Tende a defender e a lutar por suas ideias e opiniões. Essa capacidade reduz conforme a autoestima.

A pessoa com maior autoestima vai ser mais autoconfiante, segura de si e das suas escolhas, aceita-se melhor como pessoa que é, tem um nível de compreensão maior acerca de si mesma. É o movimento essencial do amadurecimento humano. 

Características mais conhecidas de uma pessoa com baixa autoestima:
  • Apresentar sentimentos de isolamento e ansiedade;
  • Ser sensível as críticas;
  • Ter maior dificuldade de afirmar as próprias opiniões e necessidades; 
  • Desiste com facilidade do que quer, evitando desafios;
  • Tem pouca compreensão, clareza e entendimento de si próprio, evitando situações de risco e de exposição;
  • Diminuída capacidade de resiliência – nossas habilidades para lidar com as adversidades da vida. 

Pessoas com baixa autoestima são mais dependentes dos outros e da opinião de outros, mais inseguras, com grande preocupação com a opinião alheia. Esta insegurança se reflete na necessidade de ter alguém que diga o que fazer ou que lhe direcione o caminho.

A baixo autoestima também afeto os projetos futuros já que a pessoa desconfia de si mesma e das suas habilidades. Assim como a capacidade de autodeterminação que se define pela habilidade de assumir a direção e o contra da própria vida, traçando o próprio caminho. 

Para desenvolver a autoestima será necessário compreender a sua forma de consideração por você, a avaliação de ti mesmo atual para resignificar e conseguir ter um olhar mais ampliado e positivo por você. 

Isso passa por um processo de maior consideração positiva por si – compreensão – aceitação – autoconfiança e autonomia em ser quem se é, recuperando a sua estima, o seu valor como pessoa. 

Como desenvolver a sua autoestima

Nós podemos desenvolver, melhorar a nossa estima a partir de relações humanas autênticas, que apresentam atitudes facilitadoras e acolhedoras. Esse valor também pode estar presente em atitudes como:

– Valorização maior de si mesmo – não se comparar ao outro, pois o seu processo de ser quem se é, o seu jeito de ser será só seu. 

– Se reconhecer nas diferenças – você é único na formação de sua personalidade, não se incomode com o que há de diferente em ti, aceitar-se como você é, vai aumentar a sua estima, sem deixar de estar aberto para aprender coisas novas, a descobrir mais de ti e a desenvolver novas habilidades. 

– Acreditar no seu potencial de desenvolvimento e de superar traumas, experiências e circunstâncias adversas que podem ter dito influência na forma como você considera a si mesmo;

– Reconhecer as suas limitações;

– Compreender as suas carências afetivas e dependências emocionais;

E acima de tudo, a autoestima é construída ao longo da vida, não se trata de algo simples, por isso não espere um resultado rápido, ou seguindo os concelhos de positividade, não existe uma maneira direta de melhorá-la.

 Para melhorar a sua estima vai precisar desenvolver novas habilidades pessoais para satisfazer as necessidades emocionais que possui e isto envolve tempo e autoconhecimento.

De acordo com Abraham Maslow, para viver uma vida plena, você deve cuidar dos 5 níveis de necessidades básicas humanas:

– Cuidado com a sua saúde, com o seu corpo (alimentação, sono, descanso, lazer…) ;

– Sensação de segurança (no emprego, na família, na vida diária);

– Uma conexão profunda com entes queridos;

– Reconhecimento e respeito dos outros;

– Um propósito de vida significativo e criatividade.

“Autoestima depende da coragem para tornar-se e permanecer autêntico” (ROGERS, 1977).

Referências:

ASSIS, Simone de. AVANCI, J. Q. Labirinto de espelhos: formação da autoestima na infância e na adolescência. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.
NATIONAL ADVISORY MENTAL HEARTH COUNCIL. Basic Behavioral Science research mental health: vulnerability and resilience. American Psychologist, 1996.
SCHULTHEISZ TSV, APRILE MR.  Autoestima, conceitos correlatos e avaliação.  Revista Equilíbrio Corporal e Saúde, 2013; 5(1): 36-48.

6 Comentários


  1. É realmente muito interessante esta matéria, sem autoestima a pessoa praticamente não vive ela simplismente existe, e por isso é um assunto que precisa sim ser tratado póis há muitas informações não exploradas pela sociedade.
    Enfim todos que colaboraram com este conteúdo está de parabéns, pretendo voltar mais vezes aqui.

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