Você sabe identificar quando seu filho está com depressão?

Tempo de leitura: 4 minutos

Um temor de qualquer mãe ou pai é não perceber quando seus filhos estão doentes ou passando por algum problema. Infelizmente, quando estamos falando de depressão, esse é o cenário mais comum. Na maioria das vezes os pais não estão atentos ou informados o suficiente para procurar ajuda para seus filhos assim que a depressão se inicia. Muitos são os casos de crianças e adolescentes que chegam aos consultórios relatando sintomas há mais de dois anos. 

Todos nós sentimos tristeza, e as crianças também sentem. O problema acontece quando essa tristeza deixa de ser momentânea e se mantém por dias e meses. Geralmente crianças pequenas têm mais dificuldades para dizer o que estão sentindo, afinal a comunicação verbal não é a principal forma de expressão da criança, por isso vão precisar de uma atenção plena de seus pais para poderem conhecê-la e saber de suas necessidade emocionais, além das outras questões de desenvolvimento. 

Já na adolescência os sintomas de depressão, por vezes são confundidos com características normais do desenvolvimento desta fase, passando despercebidos. Jovens tendem a sentir mais tristeza e acentuadas oscilações de humor, no entanto, isso não significa que é normal da idade. Se prestarmos atenção diária e mantermos um vínculo afetivo com este jovem perceberemos o que de fato poderá estar se passando com ele.

Geralmente há um excesso de confiança entre os pais sobre sua capacidade de reconhecer sintomas em seus filhos. Crianças e adolescentes costumam falar sobre suas emoções uns com os outros, mas dificilmente com seus pais. Os motivos geralmente incluem falta de confiança, descrédito, medo pela reação ou simplesmente ausência emocional de pais que estão sempre ocupados ou preocupados com outros assuntos. 

Alguns dos motivos que fazem com que os pais não vejam os sinais da depressão em seus filhos:

Presença ausente –  Você tem parado para ouvir o seu filho(a) e para estar atento ao que ele expressa? Por mais que pareça que atualmente os pais passem mais tempo com os seus filhos do que na época de seus pais, há hoje um problema maior que é a presença ausente ou distraída. Os pais estão fisicamente ao lado dos filhos, porém distraídos, conectados demais ou ocupados de forma online. Com isso não se cria a sintonia, e muitas vezes os pais estão falando com os filhos sem tirar os olhos da tela do celular, não gerando confiança.

Tentar resolver o problema – Quando temos um problema, queremos que um amigo ouça, mas não tente resolver o problema. Os pais geralmente se acostumaram a resolver os problemas dos filhos desde que nasceram e mesmo quando estes problemas são emocionais tentam dizer como o filho deve se sentir, amenizando e dando pouca atenção, ou atenção em excesso e inibindo a criança. Os filhos não querem ouvir que estão passando por uma fase e que isso vai passar. Eles querem ouvir: ‘Vamos procurar ajuda e resolver isso juntos!’

Achar que era temporário – Quando um filho fala sobre suas emoções com os pais, há um momento de tensão, de preocupação, de procurar soluções, porém os dias passam, na semana seguinte se está vivendo outras situações, a criança ou adolescente segue sua vida normal e os pais tendem a achar que o problema passou e não tocam mais no assunto. Muitas vezes seu filho pode ter levado semanas, ou até meses, para tomar a decisão de conversar sobre isso com você. Não ache que uma conversa acaba com o problema.

Jovens adultos – antigamente as crianças se preocupavam menos com os problemas da casa. Hoje, os pais dividem suas angústias com os filhos a todo momento, desde as pessoais até as financeiras. Isso também pode acabar inibindo os filhos de se exporem por medo de trazer ainda mais problemas aos pais. 

Depressão tem muitos sinais diferentes em crianças diferentes. Algumas crianças se afastam dos amigos e passam mais tempo sozinhas. Eles podem parecer tristes, ou apenas irritados, pessimistas, cansados, com diminuição do interesse ou prazer nas atividades diárias. É comum vermos uma criança tendo “problemas comportamentais” ou “relaxando na escola” quando, que na verdade, ela está tentando sobreviver à depressão.

Mas uma das características da depressão é a maneira como ela nos separa de conexões significativas. É importante que os pais estejam atentos quando essa conexão diminui. E sempre que isso causar incerteza sobre o que seu filho pode estar sentindo ou passando, haja da mesma maneira que faria com uma febre muito alta, procure ajuda imediatamente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *