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“Pense pelo lado positivo!”
“Você precisa ser mais positiva!”
“Seja mais positivo perante a vida!”
Quantas vezes você já ouviu ou já falou estas frases para alguém que está passando por algum tipo de confusão ou sofrimento emocional? Vivemos em uma cultura impregnada de positividade. Basta passar alguns minutos nas redes sociais que você vai ver diversos perfis destinados a publicar frases de efeito e motivacionais, com a intenção de te fazer “ir para cima”, “chegar lá”, “mudar o foco”. E vai ver também muita gente replicando essas frases com suas selfies ou fotos de paisagem. Não há um grande problema social nisso, mas é preciso que nos façamos uma pergunta sempre: estamos realmente sendo positivos, ou estamos sendo empurrados a um nível de positividade exacerbada que acaba não contribuindo em nada para nossa saúde mental?
Os efeitos da positividade são comprovados e podem fazer um bem enorme ao nosso corpo e também para a nossa mente. O problema está em supervalorizar essa positividade como forma de colocar um véu sobre sentimentos, dos quais não queremos falar, ou sobre emoções que não estamos sabendo lidar.
Um outro grande problema da cultura da positividade é a forma com que ela nos influencia. Os “positivos” são levados a pensar que as suas vidas precisam ser extremamente maravilhosas, realizadas e plenas, e que isso se consegue apenas pensando positivo. Este jogo de ideias na cabeça de alguém que está passando por algum tipo de problema acaba sendo recebido de forma errada, e a pessoa pode acabar pensando que além de tudo estar indo mal na sua vida, a culpa ainda é dela, por não conseguir pensar positivo.
São inúmeros os casos de pessoas que começam a se questionar: talvez eu precise ser mais positiva sobre isso? Talvez eu não deveria estar reclamando sobre essas coisas? Talvez não seja tão ruim quanto eu penso? Entrando assim em um ciclo de culpa e inércia, que pode ser mais perigoso ainda para o seu estado emocional. Falar sobre positividade para pessoas com doenças como a depressão, pode ter um impacto mais forte ainda. Há um risco enorme de isolamento para quem não se considera positivo na sociedade de hoje. Deixamos cada vez mais claro que precisamos nos rodear de pessoas positivas, bem sucedidas e felizes. E com isso podemos afastar um parente ou um amigo querido.
Existem maneiras corretas de trabalhar a positividade em pessoas extremamente negativas. Exercitar a gratidão, a autenticidade, ajudar as pessoas a livrarem-se de culpas; tudo isso pode ser muito mais vantajoso num processo de autoconhecimento. A positividade branda também pode funcionar bastante, quando vamos aprendendo que ficar feliz por pequenas conquistas é diferente de euforia passageira. Precisamos cada vez mais entender que o ser humano é formado por um espectro de emoções, e que quando nos permitimos sentir cada uma delas, estamos sendo normais e saudáveis!
