É hora de dar nome para o seu sentimento de vergonha

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“A vulnerabilidade é o cerne do medo, mas também o berço do amor e do pertencimento.” Brene Brown

Todo ser humano, em sua vida, quer experimentar a sensação de amor e pertencimento. A autora da frase acima, Brene Brown, se dedicou a estudar a vergonha e a vulnerabilidade. Brown descobriu que existe um sentimento que separa quem sente vergonha e falta de conexão verdadeira e quem é capaz de experimentar o amor e pertencimento. Esse sentimento chama-se merecimento. Para a autora, quem consegue sentir que é amada(o) e consegue criar conexões verdadeiras são aquelas pessoas que acreditam que são dignas(os) desse amor.

O medo da rejeição é algo permanente nas pessoas que convivem com a vergonha diariamente. Muitas vezes, vivenciamos traumas, violências e outras experiências de controle, desamor e desafeto que geram a vergonha. O que decorre disso, é que a nossa percepção nos prega peças, e acabamos, muitas vezes, por nos apegar a esses aspectos de nossa história de vida que nos “provam” do quanto “não somos dignos”, e vivemos com medo de sermos rejeitados, abandonados, magoados, não amados ou descobertos como uma fraude.

A vergonha acaba sendo uma forma distorcida de nos protegermos dos perigos do mundo. De sermos expostos, ridicularizados, do medo aterrorizante que sentimos de sermos rejeitados novamente, e acabamos por pensar que, permanecendo em guarda, para nos proteger, evitaremos de viver novas situações de sofrimento. Mesmo que, às vezes, seja só uma percepção que existe em nossas cabeças e não uma realidade. Acabamos por evitar a vulnerabilidade e não falamos sobre isso, não falamos sobre o que sentimos. Então, permanece a vergonha, como um imenso escudo que nos protege, mas também nos isola do mundo. 

A explicação curta é que sentir-se indigna(o) não se baseia na realidade, mas em uma exposição a palavras ou experiências em um momento crucial de nossas infâncias (predominantemente), mas certamente em algum momento impactante em nossas vidas. Em seguida, traduzimos essas experiências em sentimentos não bons o suficiente. Sentimos abandono, confusão sobre nossos instintos ou falta de amor. Alguns exemplos dessas experiências de infância seriam: sentir-se pressionado a tirar todos os 10’s (para se tornar um perfeccionista), pais dizendo que você nunca ganhará dinheiro com arte (para que você abandone seu sonho) ou, ter pais que não se envolvem emocionalmente  (assim você cresce sentindo-se não amada ou amado).

Há também uma boa quantidade de vergonha envolvida em cada uma dessas experiências e a verdade é que, a menos que a gente consiga nomear essa vergonha, nunca a deixaremos ir – e continuará sendo o diretor secreto de nossas vidas. A vergonha nos impedirá de correr qualquer risco que acreditamos que possa expor o que sentimos – riscos em relacionamentos, riscos na busca de nossos sonhos reais e até mesmo riscos em nos permitirmos ser vulneráveis. 

Então, o que você faz? Comece permitindo-se ser vulnerável – e saiba que você não apenas sobreviverá, mas também conseguirá passar por isso. Quando somos feridos emocionalmente achamos que não vamos suportar, mas é possível. Lembre-se, sempre temos uma escolha sobre como nos sentimos – desde que estejamos conscientes. Sim, às vezes você vai se machucar. Mas o que você faz com essa dor é com você.

Veja onde mora a vergonha. Identifique a vergonha. Nem sempre é óbvio, mas a vergonha pode existir em esconderijos secretos como: “Não sou atraente e, portanto, não sou amável” ou “Cometi erros tão estúpidos quando era mais jovem que, se alguém descobrir, vai pensar que sou horrível.”

Ignorar o fato de que nos sentimos vulneráveis ​​faz com que tenhamos ainda mais medo. Nosso medo nos faz entorpecer e não enfrentá-los. O trabalho de Brown é importante porque ela diz que devemos aceitar sermos imperfeitos e vulneráveis. Ao perceber que somos imperfeitos e vulneráveis, percebemos que todos nascemos dignos de amor e conexão.

Vergonha e vulnerabilidade são universais! Todo mundo sente em níveis diferentes e em momentos diversos da vida. Quando eles não são falados ou reconhecidos, eles nos prejudicam, fazendo com que nos sintamos indignos.

E você, consegue encontrar e nomear seu sentimento de vergonha? 

Colaboração: Pablo Brito

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