O Sentido da Vida – é possível encontrar resposta para esta pergunta?

Tempo de leitura: 8 minutos

Outro dia me perguntaram sobre “Sentido da Vida”. Sabe aquelas perguntas um pouco mais filosóficas que às vezes nos surgem?

  • Qual o sentido da existência?
  • Qual o sentido da vida?
  • Qual o sentido da minha vida?

Em algum momento, todo mundo já se fez alguma dessas perguntas. Porém, o que percebi foi que, em um ano atípico como 2020, essas questões ganharam uma outra dimensão e viraram reflexões comuns para muitas pessoas.

Em meio a restrições, distanciamentos e a estarmos a todo momento exercitando a resiliência e a ressignificação, podemos nos questionar sobre o verdadeiro sentido disso tudo que estamos vivendo.

Se estamos a todo momento pensando no futuro, em como será daqui para frente, tentando fazer planos para “quando tudo passar”, esse olhar para um tempo que ainda não chegou pode nos fazer pensar em qual o sentido da vida agora? Qual o sentido da nossa existência no presente?

Vamos pensar sobre isso juntos?

A retórica da questão

Questionarmo-nos sobre o sentido da vida é olhar em um espelho. Porque apesar de existir uma série de reflexões que podemos fazer a respeito do tema, a maioria de nós não é filósofo e nem quer encontrar uma resposta exata para essa pergunta.

Quando perguntamos a nós mesmos sobre o sentido da vida, a retórica da questão nos devolve com:

  • Qual o sentido da sua vida?

Quando nos aproximamos e delimitamos vida como a nossa existência, conseguimos tornar a questão um pouco menos complexa e começamos um processo de atribuir significado para conceitos tão amplos como existência, vida e razão de viver.

Não se trata então, de encontrar uma resposta para o sentido da vida, pois essa é uma pergunta ampla, complexa e sem verdades absolutas. Trata-se de colocar o foco na nossa existência, na nossa vida, e no que estamos fazendo para tornar a nossa vida significativa.

Mas como fazer isso?

O que a vida espera de mim?

Onde estamos deixando de ser realizadores? Segundo Carl Rogers o substrato de toda motivação humana é a tendência orgânica à realização. Quando foi que perdemos a confiança em nós mesmos e na nossa capacidade humana de tornar a nossa vida significativa, já que não é algo que se pode delegar ao outro?

Vamos pensar um pouco sobre o que é uma vida significativa? Significado é relevância que se dá a algo; valor. Quando atribuímos valor a alguma coisa ela ganha um significado para nós.

Entendendo isso podemos pensar no valor que estamos atribuindo a nós mesmos, para a nossa saúde, ao nosso autocuidado, às nossas relações, às nossas atividades sejam elas de trabalho, de estudo, cotidianas do lar ou qualquer outra, à natureza, à comunidade em que vivemos e tantos outros aspectos. Quando entendemos o valor que atribuímos a cada um destes aspectos da nossa existência podemos começar a entender o que a vida espera de nós e o quanto estamos correspondendo a esta expectativa.

Então se pensarmos que a nossa existência não se dá por unicidade e nem se encerra em nós mesmos, podemos vislumbrar que na maioria das vezes, uma vida significativa vem do que estamos produzindo para nós, mas também para o outro, para a sociedade e para o planeta.

É esse conjunto de trocas e a capacidade de nos inserirmos em um fluxo de vida, nos enxergando mais como um elo, que pode fazer com que a gente entenda o sentido de viver, tenha uma noção mais real do que estamos fazendo da nossa vida e possamos começar um movimento de buscar mais significado para a nossa existência.

O que torna minha existência significativa?

Agora que já sabemos que precisamos trazer o foco do sentido da vida para mais perto e entendemos que só vamos encontrar significado através dos valores que damos ao que nos cerca em nossa existência, é a hora de começarmos a pensar sobre o que podemos fazer para tornar a nossa existência mais significativa.

E nesse momento tudo parece que está sob nosso controle não é mesmo? Até aqui falamos em produzir sentido para a vida como se isso fosse um guia com passos bem estabelecidos que podemos seguir à risca, sem nenhum tipo de imprevisibilidade.

Mas todos nós sabemos que a vida é imprevisível desde o momento em que somos concebidos. A vida vai nos colocando em situações que se alternam entre felizes e tristes, fáceis e adversas, boas e ruins. Como produzir vida e significado diante de uma vida cheia de atribulações e desafios? Como pensar em um sentido maior quando nos encontramos em situações tão ameaçadoras ou estranhas?

Qual é a minha reação diante das adversidades da vida?

Exercitando essa amplitude de pensamento, a vida de muitas pessoas na Terra pode ser muito diferente do que você pode estar acostumado. Nesse momento você está lendo esse texto, provavelmente em uma casa com energia elétrica, água encanada e internet. Porém, nesse momento, existem pessoas no mundo passando por situações tão difíceis, que o pensamento se limita apenas ao ato de sobreviver, e dificilmente a reflexões mais profundas como essa que eu e você estamos fazendo nesse momento.

É aí que entram as nossas escolhas. A vida é uma sucessão de reações que temos diante do que ela nos mostra. É como reagimos a cada um dos momentos da nossa existência que pode nos dar um panorama mais geral do significado da nossa vida.

E como não se trata de ter controle sobre a vida, mas sim, em como encarar os fatos, somos nós que vamos construindo esse sentido. Paralisamos diante de uma adversidade ou seguimos em frente? Decido ficar inerte e esperar o problema se resolver ou o enfrento com a consciência de que lá na frente terei muitos aprendizados com essa vivência?

Nunca estamos completamente livres das situações que podem nos acontecer, boas ou ruins, não temos como escolher. O que temos, é a possibilidade, diante de cada circunstância de escolher o modo como reagimos ao que nos acontece, essa sim é uma decisão nossa. Em outras palavras, se não pudermos mudar a situação, ainda nos resta a liberdade de mudar nossa atitude frente ao que nos acontece. 

3 coisas que aprendi e que podem ajudar sobre sentido da vida:

– Oriente-se para algo no futuro. Não como algo que vai nos preencher, um lugar a chegar, mas como uma meta de autorrealização e depois outra, e outra…

– Aprenda a encontrar sentido não só na felicidade ou nos momentos felizes, mas também no sofrimento ou momentos ruins.  O sentido que queremos encontrar, é muitas vezes, aquele significado presente em todo ato de viver, não somente atribuído ao sentido de vida, mas ao sentido também das perdas e mudanças cotidianas e dos sofrimentos.

– Não se trata, exclusivamente, de esperar da vida um sentido, e sim, o que de significativo você vai “produzir” na vida? O que a vida nos indaga, agora e no futuro?

Eu crio significado para a minha existência

A vida é feita a cada dia, ela é produzida no ato de viver. Então, quando eu me questiono sobre o sentido da vida, preciso me indagar também sobre o que a vida espera de mim.

O que eu tenho para contribuir na minha existência e na de outras pessoas? O que nós temos, como humanos, de possibilidades de transformar e criar uma vida mais significativa para nós e para as pessoas ao nosso redor.

Talvez ter um sentido de vida não se trata de algo que eu vou encontrar, mas sim do que eu tenho feito, produzido e implicado na minha própria existência para criar significados para ela.

Somos nós que criamos o sentido, essa é a nossa responsabilidade. Então, diante da perda de sentido frente a tantas transformações que estamos vivendo, meu convite para você é: talvez não teremos futuro, não teremos um lugar seguro ou uma crença a qual nos apegar e é por isso, que aqui está a nossa chance, de fazermos por nós mesmos nesse momento presente, um mundo melhor e mais significativo para todos nós.


Viktor Frankl no livro “Em busca de sentido” apresenta:


“Precisamos aprender que nunca e jamais importa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim exclusivamente o que a vida espera de nós.”

6 Comentários


    1. Texto maravilhoso! Foi muito sábia e objetiva em sua palavras! Obrigada por compartilhar!!!

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  1. Olá? Acabei de ler todo texto e por bem detalhado que foi ainda questiono algumas coisas, tipo a pessoa tem que ter uma motivação pra ter sentido na vida, essa motivação é o sentindo?
    Ter que buscar amor em algo ou em alguém, ter metas, um sonho, família, desejos etc. Esse é o sentindo da nossa existência?
    O que eu questiono é, e quem não tem nada disso, e quem não tem um sonho não tem metas, nem família, nem desejos, pessoa que só pensão no fato de tudo ser em vão, já que todos-nos estamos destinados a morte.
    O porque deste ciclo sem fim, que vem décadas, centenas de milhares de anos atrás, a evolução pra quê, pra quê passar por tudo isso se não vamos levar nada, se tudo isso vai ficar em vão pra gente, já que estamos destinados ao fim, pra quê termos guerra de território de poder se nada nos pertence, pra quê construirmos algo pra no final não termos nada?
    Qual o sentido de ter um sonho de uma casa um carro uma carreira uma vida bem sucedida, se quando conseguimos isso tudo em um curto período de tempo iremos perder, ou não desfrutar, devido a uma doença ou a idade .
    Pra quê nós apegar a alguém sentimental mente, se no final ela vai morrer ou você morrer primeiro, ou brigarmos e ter a terrível angustia da perda ou do rancor? Esses sentimentos que dão sentindo a vida?
    Pra quê termos o magnífico processo de reprodução de um corpo poder produzir outro, pra viver um curto período, pra sofrer com tudo que estamos passando e vamos passar adiante? Qual o sentido disso ?
    Pra quê viemos com essa dúvida? por que não temos respostas concretas? por que nem todo mundo faz essas perguntas? O por que de ninguém encontrar resposta?
    O porque de eu não consiguir parar de pensar nisso, tá me deixando maluco, tantas perguntas sem resposta, tantos pensamentos sem sentido, a obsessão por resposta me assusta.
    O quê vem após a morte um mistério que não saí da cabeça, pensamentos de já que nada faz sentido, já que não tenho nenhuma motivação ou sonho, apego emocional ou metas pra dar sentindo a minha existência, o suicídio será a resposta? uma coisa tão simples, que irá me dar pelo menos a resposta do que vem após a morte, e se isso responder todas essas perguntas, questionamentos que não param de brotar a cada instante em minha mente?
    Preciso muito de alguém que passa por isso pra poder dialogar comigo pra vê se algo faz sentido, estou começando a ficar louco, minha cabeça não para, não consigo dormir e todos que eu tento dialogar não sabem o que dizer ficam mudos, um silêncio que me assusta, pois sempre fico sem respostas, ou sem algo pra refletir, algo que faça sentido.
    Me desculpa pelo incomodo de tantas perguntas, mais de tantos textos, artigos, matérias e etc, que eu li sobre existência esse foi um dos qual mais me intrigou, espero que possa me ajudar com esse problema, que possa me dar algumas respostas, tirar algumas dúvidas, dês de já agradeço.

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  2. Oi Rychard Silva Costa, são tantas perguntas não é mesmo! Fiquei pensando, se seria o momento de buscar uma ajuda psicológica para discutir estas e outras tantas questões que se passa com você. As vezes, não conseguimos mesmo achar tantas respostas sozinho(a) e vamos precisar de ajuda. Se esse texto te despertou tantas perguntas, pode ser o momento de conversar com alguém, com um profissional de psicologia sobre isso em uma consulta psicológica.

    Também fiquei pensando, talvez não seja ter motivação para fazer as coisas, ter coisas, ter motivação para sonhar. Acho que construímos o sentido no ato de viver a cada dia, aceitando a nossa condição humana que é falha, sim, mas também podemos fazer dela a nossa morada, podemos diminuir as falhas e investir nas possibilidades, e a partir disso é que a motivação poderá vir e com ela o sentido. Mas isso é uma construção, dia a dia. A ajuda profissional poderá te ajudar nessa jornada.

    Espero ter ajudado Rychard. Um grande abraço.
    Tânia.

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  3. Texto muito bom. Traz uma clareza à gente, nesse tempo que vivemos. Eu adicionaria um a pequena ideia, a de que precisamos viver mais o presente, o dia de hoje, o que a vida espera e me dá, hoje?

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