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Em pouco tempo, os jovens nascidos em meados dos anos 90 serão 75% da força de trabalho global. Mais preocupados com questões ambientais e totalmente imersos no mundo tecnológico e conectado, esses jovens já começam a transformar o mundo como um todo. Estou falando da Geração Z, os nascidos entre 1995 e 2010, atualmente jovens com 10 a 25 anos. O mercado de trabalho, os governos, as empresas, a mídia e as grandes marcas estão voltando os olhos para esta geração que tem muito a nos ensinar sobre vários aspectos, mas principalmente sobre propósito.
Um pouco de conceito
Bom, antes de começar a entrar no tema propriamente dito, é preciso que a gente entenda o que são as gerações e de que forma elas são definidas. Entender as gerações ajuda a compreender com mais clareza o comportamento das pessoas, o mercado de trabalho e até as tendências de consumo. Pesquisar sobre características geracionais permite que todos nós possamos acompanhar as mudanças que o ser humano tem ao longo do tempo e de que forma isso acaba marcando os que nascem em determinada época.
Cada geração se refere aos nascidos em determinado intervalo de anos. Atualmente nos referimos aos nascidos em meados do século XX até o início do século XXI:
- Geração Baby Boomers: nascidos entre 1940 e 1960 (atualmente com 60 a 80 anos)
- Geração X: nascidos entre 1960 e 1980 (atualmente com 40 a 60 anos)
- Geração Y (millennials): nascidos entre 1980 e 1995 (atualmente com 25 a 40 anos)
- Geração Z: nascidos entre 1995 e 2010 (atualmente com 10 a 25 anos)
- Geração Alpha: nascidos a partir de 2010 (atualmente com até 10 anos)
Os acontecimentos políticos, sociais, econômicos de uma época colaboram, influenciam na definição da maneira de ser, pensar e agir das pessoas seja no trabalho, nas relações humanas ou consigo mesmas. A teoria geracional pode nos ajudar a compreender esse processo de mudança. Afinal, compreender essas transformações podem auxiliar a pensar em como nós estamos realizando as atualizações para viver este presente e o que ainda está por vir. Bom, mas como o assunto aqui é a Geração Z, então nesse momento vamos focar apenas nas características deles.
E quem faz parte da Geração Z?
Greta Thunberg, ativista ambiental.
Malala Yousafzai ativista pelo direito à educação das crianças.
Jack Andraka que aos 15 anos inventou um teste para detectar câncer de pâncreas.
Você consegue enxergar algo em comum nestes nomes? A geração Z vem revolucionando as formas de se comunicar, interagir, estudar, trabalhar e viver. Também chamados de nativos digitais, são jovens ativistas, que buscam a sua identidade fluída, lutam pelo que acreditam, questionam e mudam hábitos, são seletivos e buscam se destacar por suas diferenças no jeito de ser, na beleza, nos hábitos, na alimentação.
Para a GenZ, não há tempo a perder. Eles são extremamente ágeis, multitarefas e capazes de absorver uma grande quantidade de informações — afinal, vivem na era do big data, da explosão de dados e precisam saber como lidar com eles. Segundo uma pesquisa do Think With Google, 85% dos jovens da Geração Z disseram estar dispostos a doar parte do seu tempo para alguma causa.
São jovens que usam a internet para se manifestar livremente e expor suas opiniões sobre temas importantes. E fazem isso, lógico, pelas redes sociais. Como a geração é ampla, você vai ver estes jovens se expressando desde os textões no facebook, aos vídeos engraçados e rápidos do TikTok, passando também pelos poucos caracteres do Twitter. As minorias, em especial, tornam-se temas centrais em movimentos contra homofobia, racismo, machismo, xenofobia, entre outros.
Assim, eles conseguem angariar seguidores que compartilham dos mesmos pensamentos, criar redes de ativismo e ainda mobilizar movimentos que saem das telas e ocupam as ruas.
A Box 1824 é uma agência de pesquisa de tendências em consumo, comportamento e inovação e fez uma pesquisa perguntando aos jovens da Geração Z qual o maior medo que eles tinham do futuro. Veja só as respostas:
Entre as respostas mais dadas as pessoas desta geração temem não ter uma família, temem a solidão e grande parte dizem não temer o futuro. Mas a maioria respondeu que o maior medo do futuro é não ter um propósito definido.
A Geração Z e o Propósito
Vamos começar pensando sobre o que é propósito?
Propósito significa “intenção de fazer algo; projeto, objetivos”, aquilo que buscamos alcançar, como um projeto de vida. Por exemplo: ser feliz pode ser seu propósito de vida.
Ter um propósito nos ajuda a dar sentido a nossa vida, a ter uma direção. A sentir que temos um lugar ao qual queremos chegar, seja na vida pessoal, profissional ou financeira.
Se você se sente perdido nisso, saiba que você não está sozinho!
Ter um propósito de vida implica em termos conhecimento sobre nós mesmos e agirmos, termos ação diante da vida. Nesse aspecto penso que a geração de jovens da atualidade pode nos ajudar, pois eles são bons em ter um propósito e a correr atrás para conseguir o que querem, criando novas profissões, empreendendo…
Se pararmos para quantificar, os nativos da Geração Z se destacam em profissões recentes como youtubers, digital influencers, blogueiros, nutrição orgânica, design de jogos, E-learning e tantas outras que fazem parte da atualidade. Isso não impede em nada que além de suas profissões, eles também sejam ativistas, façam parte de movimentos, tenham outras funções, sejam influenciadores digitais nas redes sociais e façam parte da mídia.
Alguns mesclam tudo num movimento muito fluido em que profissão e outras atividades se misturam e coexistem de maneira muito harmoniosa. Ao analisar estes jovens você consegue identificar geralmente mais do que dois pontos marcantes em cada um que ajudam a defini-los. Outros fazem tudo de forma separada, mas uma coisa não atrapalha a outra, e consideram que tudo bem se por um tempo eles estiverem se dedicando mais a uma de suas facetas e deixando a outra em espera.
Aliás, este é um dos grandes impactos que a geração Z causa em outras anteriores a eles, mas principalmente nos Baby Boomers e na Geração X. Estas duas gerações que citei estão acostumados que cada pessoa tenha um papel definido no mundo, e causa estranhamento que um jovem possa assumir diferentes propósitos na vida. A Geração Z não gosta de ser colocada em caixinhas. Eles são ainda mais plurais e dinâmicos que a Geração Y e, por isso, diversidade e inclusão são conceitos intrínsecos à sua identidade e à sua concepção de sociedade.
Não são jovens vazios, em certos momentos eles podem parecer rasos, pois falam de tudo, mas são pessoas bastante críticas, inclusive, em relação a eles mesmos. Quer um exemplo? Apesar de considerarem a internet e as redes sociais ferramentas fundamentais para sua vida e para suas atividades, eles entendem que podem também prejudicar e muito a sua saúde mental, aumentando os casos de ansiedade, depressão e até o suicídio.
As lições da Geração Z
Se tem algo que chama a minha atenção é como aprender com as novas gerações e como interagir com todas elas sem entrar em conflitos por conta das suas diferenças. Quando observo o meu modo de trabalhar, estudar e das organizações que existem por aqui, logo penso: o que terei de fazer para acompanhar as próximas gerações? No trabalho, na música, na arte, na educação, na política estamos diante de uma grande mudança e quando penso nisso o que me vem é: o que podemos aprender com eles?
Em quase tudo que eu vejo acontecer na vida social me lembra a geração Z. Por exemplo, nas eleições deste mês, quando ouvi as primeiras campanhas fiquei pensando, como serão as eleições quando as próximas gerações forem maioria em candidatos e eleitores?
Então para finalizar convido você a analisar as principais características da Geração Z que também podem ser aquilo que mais temos que aprender com eles:
- Capacidade de expressão e autoaprendizado;
- Seu corpo é a sua tela e sua propriedade, sua arte, e expressam nele tudo que acreditam ser importante e que os represente;
- É uma geração que não tem tanto medo de estudar o novo, aprender e mudar;
- As redes, mídias sociais, as tecnologias estão presentes neles, como parte de si;
- Estão em busca de um propósito de vida e de uma identidade flexível, que se transforma com as experiências;
Independente de qual geração você é, é importante lembrar que elas existem, principalmente, nos nossos diálogos cotidianos, nas nossas relações pessoais, familiares e sociais. Podemos diminuir as distâncias entre nós se conseguirmos reconhecer essas diferenças e aceitá-las como parte de nós enquanto sociedade e de quem somos.