Tempo de leitura: 3 minutos
Você já se perguntou como os traumas moldam nossas vidas e como podemos mudar a partir dessas experiências dolorosas? Talvez você já tenha sentido que, após uma adversidade, algo dentro de você mudou, trazendo uma nova perspectiva sobre a vida.
Carl Rogers, o fundador da terapia centrada no cliente, oferece uma visão esperançosa sobre como podemos não apenas sobreviver aos traumas, mas também florescer a partir deles. Rogers, mesmo não utilizando o termo “crescimento pós-traumático”, descreveu um processo de “colapso e desorganização” que, por sua vez, pode levar a um “funcionamento mais pleno”.
Em suas palavras, isso significa desenvolver uma maior abertura às experiências, viver de maneira mais existencial e confiar mais em nossos próprios julgamentos. Em essência, Rogers já antecipava o que pesquisadores contemporâneos, como Richard Tedeschi e Lawrence Calhoun, definiriam como crescimento pós-traumático – uma transformação psicológica positiva que ocorre após o enfrentamento de um trauma.
Para Rogers, a chave desse processo reside na abordagem centrada no cliente. Em uma sociedade que muitas vezes vê o trauma de maneira medicalizada e redutora, Rogers desafia essa visão ao colocar a pessoa de volta no comando de seu próprio processo de cura.
Em um ambiente terapêutico empático e incondicional, quem passou por um trauma não é visto como “quebrado” ou “desordenado”, mas como indivíduo que pode se beneficiar do poder curativo de relações genuínas e acolhedoras.
Se você está passando por um momento difícil, saiba que a abordagem centrada no cliente respeita seu ritmo e suas necessidades. O terapeuta não forçará você a falar sobre suas experiências traumáticas antes que você esteja pronto. A construção de um relacionamento de confiança é fundamental e, à medida que esse vínculo se fortalece, você pode se sentir mais à vontade para explorar e compartilhar suas experiências.
Além disso, essa abordagem reconhece que o crescimento pós-traumático é um processo gradual e não um resultado imediato. Você pode experimentar intensas emoções negativas, como medo, desespero e tristeza. O papel do terapeuta não é remover esses sentimentos, mas estar presente com você, validando suas experiências e apoiando seu processo de autoexploração e autodescoberta.
Rogers também nos ensina que, mesmo em meio ao caos e à desorganização, podemos encontrar novas direções e significados para nossas vidas. Ao aprender a ouvir a nós mesmos e a aceitar nossas próprias experiências, podemos nos mover em direção a um funcionamento mais pleno e autêntico.
Portanto, se você está se sentindo perdido ou desorganizado após um trauma, lembre-se de que isso pode ser parte de um processo maior de crescimento e transformação. Procurar ajuda profissional e se engajar em um relacionamento terapêutico empático pode ser o primeiro passo para sair do “modo automático” e viver de maneira mais consciente e significativa. Ao acolher suas dificuldades e permitir-se tempo para refletir e se conhecer, você pode descobrir novas forças e possibilidades dentro de si mesmo.
A jornada para superar o trauma pode ser desafiadora e complexa, mas é também uma oportunidade de crescimento pessoal e de desenvolvimento de uma vida mais plena e significativa. Como Rogers nos mostra, a adversidade pode ser o catalisador para nos tornarmos mais autênticos, resilientes e, acima de tudo, mais humanos.