Crises de Pânico

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Em um mundo frenético, cheio de estímulos e estressores somados a uma pandemia, está cada vez mais comuns pessoas vivendo experiências de pânico. 

Hoje quero falar com você sobre alguns aspectos psicológicos, que tenho aprendido na minha experiência profissional sobre crises de pânico. 

Você já deve ter sentido a sensação de não ter saída, de estar no seu limite emocional?

Seja por conta de numa relação amorosa, familiar ou de trabalho, você consegue sentir quando está no seu limite? E sabe como ele é construído? 

Muitas vezes, só reconhecemos que estamos no nosso limite emocional quando os adoecimentos psíquicos começam a aparecer, como as crises de pânico, depressão, crises de ansiedade generalizada entre outros. 

Ataques de Pânico são crises de medo e desconforto intensos, acompanhados de quatro ou mais sintomas, que se desenvolveram súbita e abruptamente e alcançaram um pico máximo em 10 minutos, tais como: taquicardia, sudorese, tremores, falta de ar, sensação de desmaio, náusea, tonturas, vertigem, despersonalização (certo distanciamento da pessoa com ela mesma, como se ela estivesse se afastando de si)–, sensação de descontrole ou de enlouquecer, medo de morrer, anestesia ou sensações de formigamento, calafrios ou ondas de calor, dores de cabeça, dificuldade para engolir (APA, 1994).

A síndrome do pânico ou transtorno de pânico, afeta aproximadamente entre 2% a 4% da população mundial e tem um pico entre os 20 a 24 anos (MASCI, 2019).

Existem muitas teorias sobre a origem do pânico, uma delas diz ser uma experiência decorrente de uma mudança em um dos nossos sistemas de auto regulação, de resposta a ameaças, que é o nosso sistema de alarme a perigos, como um sensor de situações ameaçadores que fica no cérebro.

 Ele é ativado diante de situações de perigos reais como por exemplo, se você está atravessando a faixa de pedestre e vem um carro em alta velocidade você corre, você reage para se salvar (nós não precisamos parar, pensar, calcular e correr tudo isso acontece automaticamente devido ao estímulo de perigo). 

Quando o sistema de resposta a ameaça entra em ação nosso cérebro recebe esta informação e uma sensação é formada que pode ser chamada de percepção subjetiva e pode assumir muitas formas como medo, susto, preocupação ou ansiedade.

Quando essa reação é muito forte pode assumir a forma de pânico. A reação de pânico é o que sentimos, o que percebemos quando nosso sistema de resposta a ameaça está funcionando em seu modo máximo.

Bem, acontece que podemos nos sentir em perigo por situações que enganam esse sensor, nosso sistema de ajuste, de resposta a ameaça.

A nível psicológico quando passamos por excesso de estímulos de perigo, ou seja, aguentamos e passamos por cima de muita dor, situações de medos. Quando vamos além do suportável, esse sistema fica desregulado, por excesso de situações estressoras. E uma situação limite de nosso organismo em reposta é o pânico. 

Experiência de perigo interno como se algo dentro de nós estivesse se rompendo com extrema voracidade e pressa e que dizem daquelas experiências que não foram assimiladas, compreendidas por você. Por isso a sensação de quem passa por uma crise de pânico, muitas vezes é de não ter sentido, não ter explicação, não tem lógica “nada aconteceu de diferente comigo” e a única coisa que sabe é que está sentido uma sensação de ameaça interna muito grande, como se realmente estivesse em grande perigo, sem saber o que é!

A pessoa não consegue identificar o que está vindo junto com as crises, todas as experiências de vida que foram negadas, excluídas de seu mundo interno e as únicas coisas que seu organismo da conta de reconhecer naquele momento são os sintomas físicos. Sentimos uma ameaça interna. 

O que você vem, a nível emocional, controlando ao longo da sua vida, que você tem medo e sente como se fosse ameaçador demais para você se fosse vir à tona?

Que sentimentos, emoções você deixou de dizer, de expressar, de significar das suas experiências de vida?

O que está sendo ou foi insuportável, que sente que ultrapassou?

Será que tem alguma aprendizagem aí nessa experiência de pavor?

Aquilo que não damos conta sozinhos de reconhecer, dar nomes aos nossos sentimentos, àquelas transformações. Quando sentimos as nossas sensações com profundo estranhamento ou ameaça. A ponto de se tornarem tão desconhecidos de nós mesmos. Até que a ansiedade surge como uma reação ao desconhecido dentro de ti. 

  • Que será que você deixou passar na sua história de vida?
  • Que limites de ti e da sua saúde foram ultrapassados?
  • Que limites emocionais extrapolou?
  • Quanto medo você já aguentou?
  • A quanta coisa você se obrigou a fazer sem saber ao menos se aquilo fazia sentido para você?
  • Quantas vezes tentou se encaixar num lugar ou numa vida que não era a sua, aguentando?

A experiência de pânico indica que ultrapassamos nosso sinal vermelho muitas vezes. 

Por vezes queremos manter o nosso modo de funcionamento conhecido por nós, a nossa imagem que temos de nós mesmos e relutamos ou negamos em admitir que temos novas informações disponíveis, do nosso corpo, dos nossos desejos, novas aprendizagens disponíveis.

Que não somos mais os mesmos, mas por medo seguramos com todas as forças a nossa antiga imagem, aquilo que conhecemos que nos mantêm seguros e por medo acabamos por permitir que nos aprisione na zona de conforto que sentimos. 

Algumas crises de pânico nos ajudam a reconhecer os nossos limites emocionais, se conseguirmos olhar para as nossas experiências de vida e encontrar nossas aprendizagens, pois até esse momento que chegamos a ponto de sofrer uma crise desta magnitude quer dizer que antes disso já havíamos sentido e passado por cima de muitos e muitos medos, anseios, apreensões, limites emocionais.

Como se ao longo dos anos fossemos postergando de alguma forma estas transformações e relutamos inconscientemente contra a mudança tão necessária ao nosso crescimento psicológico.

Algumas medidas que podem ajudar no momento de uma crise de pânico, por exemplo:

  1. Reconheça que está passando naquele momento por uma experiência de pânico; a sensação é horrível, mas vai passar.
  2. Respire. Respire lentamente pelo nariz, segure um pouco o ar e solte ou pela boca ou pelo nariz lentamente.
  3. Tente encontrar um lugar que se sinta mais seguro, como ir ao banheiro ou buscar um lugar mais calmo e tranquilo para você. 
  4. Procure desviar a atenção dos sintomas. Quanto mais se preocupar, mas estímulo você estará desencadeando na crise. Aqui pode criar estratégias criativas como começar um joguinho no celular, ouvir música, assistir algo na televisão, ou seja, desviar a atenção das sensações do corpo para alguma coisa. 
  5. Tente movimentar-se, isso poderá ajudá-la(o) a desviar a atenção do que está sentido.
Referência 
MASCI, Cyro. Síndrome do pânico: psiquiatria com abordagem integrativa. 2019.

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