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Se você pudesse dar voz aos seus anseios, desejos e vontades, como seria? O que desejaria? Dar voz àquilo que há de mais profundo em você?
Ao terminar de ler “O livro dos anseios” de Sue Monk Kidd, algumas perguntas começaram a borbulhar: quais são os meus anseios? O que tenho silenciado em mim para viver neste mundo? Por que enquanto mulher, temo a minha grandeza?
“Anseios são desejos que persistem, inquietam, impõe urgência e, por isso, angustiam. Neles moram o brilho e sofrimento, pois o anseio contém em si alguma insatisfação com o presente – mas também alguma resistência em abandoná-lo – e a perspectiva encantadora e apavorante de um futuro que ainda precisa ser construído. O anseio talvez manifeste o que a natureza humana tem de mais vital: a eterna busca, o desassossego. (Débora Sander, colaboradora da Tag livros inéditos, 2022).
No livro, a protagonista Ana, foi casada com ninguém menos que Jesus Cristo, no entanto, o foco do enredo não é ele, e sim o olhar de Ana sobre a sociedade da época, sobre a sua luta em dar voz a si mesma e a tantas mulheres silenciadas na Galileia no século I. O que nos faz pensar nos silêncios de muitas outras e outros ao longo da história humana.
Ana vivia em anseio: pelo momento em que poderia estudar, ser escritora, ter autonomia, pelo momento em que poderia ficar perto de quem amava, em ser ela mesma e, principalmente, pelo direito de poder desejar e realizar a sua própria vida e fazer as suas próprias escolhas.
Diante disso, pergunto-me: e nós, no nosso tempo, quanto de nossa voz silenciamos? Nos permitimos desejar? Quanto somos silenciadas? Quanto de nossos anseios realizamos? Ou, nos é permitido realizar?
- Quais são os seus anseios?
- O que em ti, está silenciado?
- Sente vergonha, medo, insegurança em expressar, falar sobre o que deseja?
Não é fácil responder a essas perguntas, não é mesmo? Mas, talvez elas possam ajudá-la(o), a entrar em contato consigo, com seus anseios, servir de questionamento para chegar a lugares ainda não imaginados. Causar estranheza, como causou a mim.
Ana, vivia à espera do dia em que poderia existir, e tinha uma súplica, a súplica do seu anseio em forma de oração:
“Senhor nosso Deus, ouça minha súplica, a súplica do meu coração. Abençoe a grandeza dentro de mim, não importa o quanto eu a tema. Abençoe meus cálamos e minhas tintas. Abençoe as palavras que escrevo. Que elas sejam belas aos seus olhos. Que sejam visíveis a olhos ainda não nascidos. Quando eu for pó, entoe estas palavras sobre meus ossos: ela foi uma voz” (p. 164).
E você, qual é a sua súplica?
O que dizem os seus anseios?