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É muito fácil confundirmos os sentimentos que se passam em nós, um exemplo disso é o sentimento de culpa com vergonha e vice-versa. Tem diferença entre: pensar que cometi um erro e me sinto culpado por isso, do que pensar: cometi um erro e se sentir um erro, um profundo fracasso por isso. Vejam, no primeiro caso, sentimos culpa por algo que fizemos, no segundo, nos julgamos pelo que fizemos e nos sentimos como se fossemos aquele erro. Vou explicar melhor.
Sobre o sentimento de culpa
O sentimento de culpa está ligado aos nossos atos ou comportamentos que implicam uma responsabilidade sobre algo ou alguém. Costumamos sentir culpa quando reconhecemos de que somos responsáveis por algum dano material ou subjetivo causado a nós mesmos ou a outras pessoas e ficamos com a sensação de “Fiz algo ruim”; “Se continuar faltando na faculdade, vou reprovar”; “se continuar agindo assim ela vai me deixar’.
Às vezes, também nos culpamos por algo que independe de nós, nos culpar por algo que foge ao nosso controle, como, por exemplo: me sinto culpado por não ter ajudado meu colega a passar na prova; me sinto culpada por meus pais terem se divorciado. Trata-se de uma “culpa falsa”, pois não podemos ser responsáveis pelo estudo do outro, ou pela decisão que um casal toma na sua vida conjugal e sobre os motivos que os levaram a isso.
Nesses casos, vale se perguntar: estou sentindo culpa por algo que é de fato minha responsabilidade e o que vou precisar fazer para agir neste caso? Ou, estou me culpando por algo que é de responsabilidade do outro e que não depende de mim?
A culpa pode ser motivação para a mudança!
O sentimento de culpa tem função adaptativa, pois uma vez percebida a nossa responsabilidade sobre o que fazemos ou agimos, temos a possibilidade de mudança e de aprendermos a partir dessa consciência.
Sobre o sentimento de vergonha
Já a vergonha, está ligada à nossa autoavaliação, ao valor que eu atribuo a mim mesma(o). Então, se utilizarmos os exemplos acima, na vergonha será: “sou um completo fracasso, errei de novo”, “sou um desastre mesmo, não tenho mais jeito, continuo faltando na faculdade por isso vou reprovar”. “Sou um péssimo companheiro, não sou capaz de fazer o outro feliz”.
Vejam, o peso do sentimento de vergonha é muito grande e diz de algo mais profundo ligado ao nosso autoconceito, àquilo que acreditamos que somos. Quem experimenta a vergonha não julga o comportamento em si, o agir, mas sim a sua qualidade, o seu valor enquanto pessoa.
A culpa é o resultado de um comportamento, que envolve uma responsabilidade que tenho sobre algo; já a vergonha é internalizada como parte do conceito que tenho de mim, por isso, vem, geralmente, acompanhada de autojulgamento, de uma crítica negativa em relação ao que somos e ao que sentimos.
Como podemos mudar o sentimento de vergonha?
Vocês já devem ter percebido a complexidade que é o sentimento de vergonha. Quando falo que este sentimento está relacionado ao conceito que temos de nós, esse “conceito” não é algo simples, pois aprendemos e formamos ele desde o momento em que nascemos a partir das nossas relações e do que fomos formando de percepções dentro de nós sobre nós e sobre o mundo. Então, superar a vergonha, numa linguagem psicológica, significa uma mudança de mindset, da percepção que você tem de si mesma(o).
Uma forma de fazer isso é conhecer e acessar em si TODAS as emoções e sentimentos presentes em suas experiências de vida e compreendê-los, de maneira a conseguir diferenciar o que NÃO é a vergonha, como o sentimento de culpa, quando e porque você o sente, é um dos primeiros passos desse processo.
Quando você está se sentindo culpado(a)?
Quando esse sentimento é a vergonha?
Reconhecer que você não é uma pessoa ruim, ou um fracasso porque algo de ruim lhe aconteceu, que você não é o que te acontece, você é muito maior do que isso e merece conhecer mais desta parte de ti!